Metamorfose Guiada

Em um belo campo de girassóis, numa pequena e calma cidade, uma lagarta se encontrava perdida, com medo de cumprir seu ciclo de vida, sua metamorfose. Ela vagou por dias até encontrar um lindo e esplêndido girassol.

– Ei, lagartinha! Quando você vai voar, hein? – Questionou o Girassol. – Já te vi rodar em círculos tantas vezes por aqui…

A lagarta estava assustada mas respondeu.

– Oi, Sr Girassol. É que eu não consigo encontrar um lugar seguro onde possa me transformar. Será que pode me ajudar?
– Claro, linda lagartinha! Você só se rasteja na escuridão, não acha que deveria procurar a luz para te guiar?
– Oh! Mas eu não consigo encontrar luz alguma daqui de baixo. Confesso que estou perdida!
– Bom, se é assim, suba aqui, menina, venha ver o que te espera… – O Sr Girassol a convidou.

A lagarta então subiu e quando se acomodou, pôde contemplar a mais extraordinária vista: o Sol.

– Sr Girassol, como me sinto acolhida e segura aqui! É tudo tão iluminado que eu posso enxergar além do horizonte! – Exclamou a lagarta deslumbrada.
– Então você se encontrou, querida! Não há lugar certo para nos permitirmos mudar, há o lugar seguro no qual precisamos buscar persistentemente.
– É verdade, Sr Girassol! Agora me sinto pronta para permitir minha metamorfose. Incomoda se aqui eu ficar?
– Claro que não, eu estava apenas te aguardando… Fique à vontade! – Respondeu docemente o Sr Girassol.

E por lá a lagarta ficou. Por um longo período, dentro do seu casulo. E durante esse tempo, fez tantas reflexões e planos para sua nova vida…

“Nossa, era só eu olhar para o Sol! Como não pensei nisso antes? Agora vou poder voar o mundo quando sair daqui!”

De fato, a lagarta tinha muitos sonhos, mas ao mesmo tempo se sentia tão confortável dentro de seu casulo com a janela para a paisagem mais linda que já havia visto que decidiu por lá mais tempo ficar. Se perguntava “Para que vou sair do meu cantinho tão aconchegante?”

Para aquela lagarta que havia vivido na escuridão desde ser um ovinho, escuridão esta que era um lugar feio, no qual estava sempre sozinha e que ninguém a ajudava, aquele casulo era o melhor lugar do mundo. E com isso, decidiu por lá ficar, admirando sua vista e sentindo um acalento todos os dias. Até que o Sr Girassol se remexeu.

– Ei, menina! Não vai sair daí não? Já está chegando a hora! – Perguntou o Sr Girassol.

E com esse remexo, a lagarta percebeu que aquele lugar tão aconchegante estava ficando cada dia mais apertado, tão apertado que ela não conseguia mais quase ver a luz do Sol. Talvez ela não estivesse percebendo mas sua janela havia fechado porque ela estava crescendo e precisava fazer sua escolha. Permanecer-se-ia estagnada e espremida, até ficar sem ar ou permitir-se-ia cumprir sua transmutação, seu ciclo de vida, e assim, se tornar uma bela Borboleta e com toda liberdade que lhe seria dada e que sempre almejou, voar por todo o mundo?

– Nossa, como está apertado aqui! – Reclamou a futura Borboleta.
– Você está crescendo! Não quer ver as cores das suas asas? Precisa sair e voar! – Respondeu o Sr Girassol.
– Mas estou com medo! E se o mundo lá fora me machucar, Sr Girassol?
– Você nunca vai saber se não se arriscar, Borboletinha! Simplesmente se permita sair e voe!

O encorajamento do Sr Girassol, a lagarta conseguiu concluir sua necessária transformação. Saiu do casulo e ao ver suas lindas asas azuis, percebeu que era totalmente capaz de se arriscar e voar rumo ao novo e desconhecido. Agora ela podia ver o Sol nascer novamente, e muito mais do alto, muito mais perto daquela fascinante luz.

– Olha, Sr Girassol! Minhas asas são azuis como o céu! E agora posso quase tocá-lo!
– Sim, se quiser, pode voar tão alto que tocarás o céu, Borboletinha! Voe! Seja livre! Se permita!

E assim a metamorfose daquela tímida lagartinha concluiu-se, e ela se tornou a mais bela Borboleta da cidade, simplesmente porque ela se permitiu, tanto sofrer com o seu processo de transmutação, respeitando seus medos, inseguranças e erros quanto perceber que tudo que ela precisava era coragem, para enxergar quantas coisas boas ela ainda tinha para viver e que não estaria vivendo se tivesse escolhido ficar naquele casulo apertado que uma hora ou outra expulsá-la-ia.

Moral da história: Busque a luz que te guia, se deixe orientar-se por sábias pessoas, se permita viver suas frustrações e medos ao crescer, mas não desista de se arriscar. Cada ser tem seu tempo, respeite o seu e os dos outros. Tenha coragem de sair de situações que te machucam e seja gentil consigo e com a vida. Apenas seja gentil…

Fim. 🦋

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