LIVRO: A Cor Púrpura
AUTOR: Alice Walker
EDITORA: José Olympio
FORMATO: Físico
NOTA: ★★★★

“As pessoas acham que agradar a Deus é tudo que interessa a ele. Mas qualquer idiota no mundo pode ver que ele sempre tá é tentando agradar a gente de volta.”
A Cor Púrpura de Alice Walker é um romance essencial da literatura afro norte-americana. É um livro pesado e pode-se dizer que doloroso de ler. Sim, estou dizendo que você pode ficar abalado (a), então aconselho que caso sinta que possa ser um gatilho, não leia se não estiver bem. Primeiro ponto.
Segundo ponto. O livro é retratado por cartas, inicialmente enviadas a Deus, pela protagonista Celie, que sofreu todos os tipos de abuso que você possa imaginar. Sexual, verbal, psicológico e muitas humilhações. Ela era simples, mas uma mulher muito submissa, sofrida e até mesmo descrente de força e fé. Nas cartas podemos perceber sua falta de estudo, pois escreve muito errado, tem pouca cultura e é desvalorizada por isso. Então, ela escreve cartas a Deus pois o que ela sente é que a única coisa que pode fazer é orar e confiar nEle.
Há três pontos interessantes nesse livro: a união do sexo feminino que tanto lutamos ainda hoje para persistir; a luta contra o racismo e a favor de direitos igualitários; e por último mas não menos importante, a linguagem religiosa e divina, que nos mostra a importância da fé.
Voltando ao livro. Há um momento que é um divisor de águas. Aquela Celie submissa, na qual abre mão de qualquer liberdade, até mesmo para proteger sua irmã mais nova, Nettie e depois de muito ser humilhada pelo pai que abusa dela, e ser forçada a casar com um homem que queria na realidade casar com sua irmã “por ser mais bonita e inteligente”, ela demonstra a maior prova de compaixão que um ser humano pode ter. Celie conhece e cuida da amante do seu marido, Shug Avery, uma mulher à frente do seu tempo. Amante essa que na verdade foi um presente para aquela caipira preta que precisava tanto de uma guia, e foi justamente sua dita “rival” que mostrou à ela como se amar, se respeitar e se valorizar.
Após muitos acontecimentos, desde a sua adolescência até sua meia-idade, como ter tido filhos (frutos dos estupros constantes que sofria), ter se casado para ser uma empregada e não uma esposa, e ter se relacionado com Shug, Celie teve a oportunidade de se descobrir, no sentido de ter florescido. Ela aprende que o universo feminino não é aceitar ser abusada por um homem, ou aceitar que uma esposa deva ser espancada pelo simples fato de ser mulher. A reviravolta é grande no livro, visto que a protagonista encontra com quem pode se espelhar e se tornar quem realmente deve ser, uma mulher valorizada e respeitada, que se impõe e sabe do seu valor.
Concluindo, por que indico a leitura e por que quatro estrelas? Cinco estrelas não pois em muitas partes, o livro é cansativo, apesar de ser uma leitura rápida. Mas o que vale aqui é que indico-o porque esse livro contribuiu muito para o empoderamento dos pretos norte-americanos, especialmente das mulheres pretas em um país onde os brancos dominavam e ainda dominam, não em população, mas por todo contexto histórico desde o fim da escravidão. Então, é um livro para você que quer se aprofundar na luta contra o racismo e saber um pouco mais da luta pelos direitos afros, e refletir que em 2020, como infelizmente presenciamos recentemente, o racismo ainda existe, vidas negras importam e precisamos lutar contra esse preconceito e todos os demais tipos de repúdio e desvalorização.
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Até a próxima resenha! 💜