Eu me perdi.
Eu me perdi para me encontrar.
Eu me perdi em um vale de tristeza e ganância para poder me encontrar em uma imensidão de sonhos honrosos.
Você deve estar se perguntando “O quê será que aconteceu com ela?”. Pronome “Ela”. E assim que fui chamada por alguns meses em meio a esse caos do ano de 2020. Nunca pelo meu nome, nunca falando diretamente comigo, nunca me reconhecendo, somente me desvalorizando. Para muitos “Ela” lembra aquela linda música da Julia Roberts em “Um Lugar Chamado Notting Hill”, mas nos meus pensamentos e recordações eu só lembro de como eu fui chamada, são lembranças que veem a minha mente e me provocam espasmos.
Esse ano todo eu percebi o quão adaptável eu sou à situações diversas mas também o quanto exigente estou quando se trata da minha saúde mental. Perdi um emprego no início do ano em meio à Pandemia, tive um prejuízo de R$ 5.000,00 ao optar vender meu computador para fazer uma reserva e pude perceber que nos meses que fiquei em casa, eu me reinventei. Reativei minha loja virtual e sim, recuperei tudo, financeiramente e emocionalmente falando.
Até que meado do ano resolvi voltar a escrever, ler e me aprofundar nesse universo literário. Parece que tinha me encontrado! E foi belíssimo ver, mesmo que com passos de formiguinhas, como o Escritas & Tal estava se desenvolvendo. E me dói olhar para trás e perceber que errei.
Erramos sempre, certo? Errar é humano. Mas me dói reconhecer que deixei meu sonho de me aperfeiçoar na escrita, na leitura e na literatura, por um empreguinho que só pagava as minhas contas e não me realizava em nada, absolutamente NADA. Ainda mais, que sugava TODA minha energia e tempo que mal podia me dedicar ao meu blog/instagram literário.
De todos os erros que cometi, desistir do meu sonho para pagar alguns boletos foi o pior. Eu já errei com amigos e amigas, namorados, família e comigo mesmo. Mas dessa vez eu interrompi um projeto embrionário que talvez eu tenha que começar do zero para recuperar. Para me recuperar. E recuperar nosso eixo não é um caminho fácil, e eu sei que acabei fora dele.
Talvez eu escreva mais sobre o que realmente aconteceu. Talvez sobre o que é assédio moral e abuso de poder, ou até ambiente de trabalho tóxico, o que nada tem a ver com o blog. Mas talvez eu conte reconquistando a minha escrita e voltando aos poucos a me aprimorar, não de onde parei, mas do começo de onde todos nós recomeçamos quando atingimos o fundo do poço. Lugar onde dessa vez não estive, mas que se continuasse e insistisse em algo que não era para mim, era onde eu ia chegar.
E agora? Agora é recuperar a inspiração, a criatividade e focar na superação, voltando a trilhar o caminho que eu tanto quero seguir, sabendo que irei me reinventar quantas vezes forem necessárias. Sem deixar meu maior objetivo de vida, que é continuar escrevendo, de lado.
Eu desabrochei.
Eu desabrochei para (re) florescer.
Eu desabrochei em meio à tanta pressão para poder florescer diante de tantas ideias e perspectivas que me rondavam.