LIVRO: A Cor Púrpura AUTOR: Alice Walker EDITORA: José Olympio FORMATO: Físico NOTA: ★★★★
A Cor Púrpura – Alice Walker
“As pessoas acham que agradar a Deus é tudo que interessa a ele. Mas qualquer idiota no mundo pode ver que ele sempre tá é tentando agradar a gente de volta.”
A Cor Púrpura de Alice Walker é um romance essencial da literatura afro norte-americana. É um livro pesado e pode-se dizer que doloroso de ler. Sim, estou dizendo que você pode ficar abalado (a), então aconselho que caso sinta que possa ser um gatilho, não leia se não estiver bem. Primeiro ponto.
Segundo ponto. O livro é retratado por cartas, inicialmente enviadas a Deus, pela protagonista Celie, que sofreu todos os tipos de abuso que você possa imaginar. Sexual, verbal, psicológico e muitas humilhações. Ela era simples, mas uma mulher muito submissa, sofrida e até mesmo descrente de força e fé. Nas cartas podemos perceber sua falta de estudo, pois escreve muito errado, tem pouca cultura e é desvalorizada por isso. Então, ela escreve cartas a Deus pois o que ela sente é que a única coisa que pode fazer é orar e confiar nEle.
Há três pontos interessantes nesse livro: a união do sexo feminino que tanto lutamos ainda hoje para persistir; a luta contra o racismo e a favor de direitos igualitários; e por último mas não menos importante, a linguagem religiosa e divina, que nos mostra a importância da fé.
Voltando ao livro. Há um momento que é um divisor de águas. Aquela Celie submissa, na qual abre mão de qualquer liberdade, até mesmo para proteger sua irmã mais nova, Nettie e depois de muito ser humilhada pelo pai que abusa dela, e ser forçada a casar com um homem que queria na realidade casar com sua irmã “por ser mais bonita e inteligente”, ela demonstra a maior prova de compaixão que um ser humano pode ter. Celie conhece e cuida da amante do seu marido, Shug Avery, uma mulher à frente do seu tempo. Amante essa que na verdade foi um presente para aquela caipira preta que precisava tanto de uma guia, e foi justamente sua dita “rival” que mostrou à ela como se amar, se respeitar e se valorizar.
Após muitos acontecimentos, desde a sua adolescência até sua meia-idade, como ter tido filhos (frutos dos estupros constantes que sofria), ter se casado para ser uma empregada e não uma esposa, e ter se relacionado com Shug, Celie teve a oportunidade de se descobrir, no sentido de ter florescido. Ela aprende que o universo feminino não é aceitar ser abusada por um homem, ou aceitar que uma esposa deva ser espancada pelo simples fato de ser mulher. A reviravolta é grande no livro, visto que a protagonista encontra com quem pode se espelhar e se tornar quem realmente deve ser, uma mulher valorizada e respeitada, que se impõe e sabe do seu valor.
Concluindo, por que indico a leitura e por que quatro estrelas? Cinco estrelas não pois em muitas partes, o livro é cansativo, apesar de ser uma leitura rápida. Mas o que vale aqui é que indico-o porque esse livro contribuiu muito para o empoderamento dos pretos norte-americanos, especialmente das mulheres pretas em um país onde os brancos dominavam e ainda dominam, não em população, mas por todo contexto histórico desde o fim da escravidão. Então, é um livro para você que quer se aprofundar na luta contra o racismo e saber um pouco mais da luta pelos direitos afros, e refletir que em 2020, como infelizmente presenciamos recentemente, o racismo ainda existe, vidas negras importam e precisamos lutar contra esse preconceito e todos os demais tipos de repúdio e desvalorização.
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Meu nome é Sarah White. E essa é minha história. Gostem vocês ou não, essa sou eu!
Nasci em uma cidade no interior do estado de Montana, Great Falls, mas vocês nem devem conhecer. É frio a maior parte dos dias do ano e bom, não tem ninguém de interessante aqui. Mas eu tenho quase 18 anos, então eu vou pegar a minha sapatilha de ponta e fugir. Ah sim, esqueci de dizer, sou a melhor bailarina de Montana. Eu danço ballet desde os meus 6 anos. E um dia serei a melhor de todo o mundo.
Eu confesso que tenho uma vida de princesa aqui em Great Falls. Meus bisavós construíram essa cidade, e meus avós a Usina de Energia mais importante, que leva eletricidade para toda a localidade. Por isso eu amo a história do Rio Missouri, que atravessa quase todo meu país. Mas voltando, como sou filha de engenheiros, meus pais querem que eu vá para a Universidade. Eles não enxergam que eu faço arte. E por isso eu vou fugir daqui em 3 dias, sim, em 9 de Agosto, meu aniversário de 18 anos.
Eu tive uma educação exemplar. Filha única, muitos dias tenho a casa toda para mim. A não ser quando a Beth está em casa. Beth é nossa empregada, mas ela não mora mais conosco desde os meus 14 anos. Tá, ela foi minha babá também, mas era chata e velha. Ainda bem que só vem de vez em quando agora. Vocês devem estar me achando nojenta, bom, se isso é ser autêntica e dizer o que pensa, sim, eu sou nojenta então.
Já arrumei minha mochila e comprei minha passagem de avião para Nova York. Não disse a ninguém, e isso porque estão preparando uma festa surpresa para mim (lógico que eu sei) e a surpresa será para eles, eu não estarei mais nessa cidade sem graça.
#O dia da fuga…
É hoje! Vou pegar carona com um garoto da escola que tem uma queda por mim, disse a ele que faria um boquete nele se ele me levasse no aeroporto escondido. Coitado, vai ficar esperando… Eu sei manipular as pessoas muito bem, mas enfim, é só mais um coitado. Vou pegar minha mochila e cair fora daqui!
Estou dentro do avião já! Que liberdade… Imagino a cara da minha mãe indo me chamar no quarto para a festa e não me encontrando… Pena? Nenhuma! Queriam me forçar estudar o que não quero. Nova York é o meu lugar!!!
Quando saí do aeroporto, peguei um táxi e fui direto para a escola de Ballet. Tinha uma audição naquele dia. Não podia perder! E estava muito preparada, e com sorte por ser meu aniversário.
– Ufa, cheguei a tempo! – disse para a recepcionista que só disse “Identidade, por favor!”.
Mas eu estava nem aí para aquela gorda antipática, eu ia arrasar e entrar naquela escola hoje mesmo.
– Sarah White, favor se apresentar. – Me chamaram! Dancei lindamente Tchaikovsky!
Esse não é mais um post com uma foto estilo #Tumblr.
Vou falar a verdade em relação à vida de um criador de conteúdo… Verdades que muitas vezes queremos esconder para conquistar nosso público mas é importante mostrar que nem tudo são flores.
Depois dessa foto eu disse “Pronto, agora vou voltar a escrever no blog!”… Abri o campo de #escrever e nada… O bloqueio criativo continuava. Vocês imaginam o que eu fiz? Na primeira hora tentando escrever, tomei esse café todo com uma barra de chocolate . Sim! Na segunda hora peguei um cigarro, fumei, claro e pensei “Que droga que não sai nada!”… Pensei de novo e refleti sobre como vivemos num mundo em que a mídia mostra o perfeito enquanto por detrás dessa tela simplesmente estamos passando por muitas questões psicológicas, emocionais, físicas e existenciais.
Vou contar um pouco da minha experiência… Há duas semanas tenho tido uma enxaqueca crônica. Como criar conteúdo se até mesmo a luz, algum barulho, qualquer coisa te deixa desnorteado? Pois é. É o que vem acontecendo com essa recém-escritora. Emocionalmente, por conta dessa pandemia, estou totalmente desestabilizada. Meu namorado é americano, nesse domingo fazemos 6 meses oficialmente juntos, e nós não nos vemos há seis meses também. Honestamente, não sei como comemorar… Aí você começa a pensar e se auto sabotar. “Tenho quase 28 anos, não tenho carreira apesar de ser graduada, não tenho minha casa, apesar de ter um cantinho maravilhoso na casa dos meus pais, não posso ver meu namorado, apesar de sermos melhores amigos, não tenho ou sou 1/3 do que eu almejei quando tinha 20 anos! Como lidar com isso?” É o que me pergunto todos os dias…
A questão é, tudo na vida de um escritor ou escritora, influencia na sua escrita. Inclusive o bloqueio criativo. Entende-se bloqueio criativo o momento que algum artista, músico, escritor, etc, tem a dificuldade em criar, ter novas ideias e inspirações, ou tê-las na cabeça e não conseguir transferí-las para o ‘papel’. E não, esse post não é sobre “Como superar um bloqueio criativo!”, é sobre “A verdade em conviver com a dificuldade de produzir!”.
Para começar, é horrível. Você se sente inútil e se pergunta toda hora, “No que estou errando? Cadê todas àquelas ideias que estava tendo?”. Simplesmente somem. Você olha todo seu ambiente de trabalho, tudo que te dá inspiração e sente um imenso vazio. Não, não estou em depressão! É diferente, é um vazio que estava sendo preenchido por conseguir entreter às pessoas e agora você só não está conseguindo. Dói.
Minha vontade era de não revelar tudo isso mas por que não revelar se eu sei que tanta gente está passando pelo mesmo processo? E está se cobrando e se sentindo triste com isso assim como eu? E repetindo, não vim trazer conselhos hoje de “Como combater seu bloqueio criativo!”, vim simplesmente dizer que “É, isso realmente acontece e a gente tem que aceitar!”
Eu vou ficar por aqui hoje… Quem sabe esse desabafo seja de acolhimento para alguém. E se não for também, foi um desabafo de alívio para mim. E de pedir desculpas a todos meus leitores, mas eu preciso me permitir um tempo. Um tempo da escrita, da leitura, da cobrança em produzir conteúdos, porque eu preciso agora de um tempo para reencontrar meu eixo, e estar bem para trazer muitas coisas interessantes para vocês! ❤
Em um belo campo de girassóis, numa pequena e calma cidade, uma lagarta se encontrava perdida, com medo de cumprir seu ciclo de vida, sua metamorfose. Ela vagou por dias até encontrar um lindo e esplêndido girassol.
– Ei, lagartinha! Quando você vai voar, hein? – Questionou o Girassol. – Já te vi rodar em círculos tantas vezes por aqui…
A lagarta estava assustada mas respondeu.
– Oi, Sr Girassol. É que eu não consigo encontrar um lugar seguro onde possa me transformar. Será que pode me ajudar? – Claro, linda lagartinha! Você só se rasteja na escuridão, não acha que deveria procurar a luz para te guiar? – Oh! Mas eu não consigo encontrar luz alguma daqui de baixo. Confesso que estou perdida! – Bom, se é assim, suba aqui, menina, venha ver o que te espera… – O Sr Girassol a convidou.
A lagarta então subiu e quando se acomodou, pôde contemplar a mais extraordinária vista: o Sol.
– Sr Girassol, como me sinto acolhida e segura aqui! É tudo tão iluminado que eu posso enxergar além do horizonte! – Exclamou a lagarta deslumbrada. – Então você se encontrou, querida! Não há lugar certo para nos permitirmos mudar, há o lugar seguro no qual precisamos buscar persistentemente. – É verdade, Sr Girassol! Agora me sinto pronta para permitir minha metamorfose. Incomoda se aqui eu ficar? – Claro que não, eu estava apenas te aguardando… Fique à vontade! – Respondeu docemente o Sr Girassol.
E por lá a lagarta ficou. Por um longo período, dentro do seu casulo. E durante esse tempo, fez tantas reflexões e planos para sua nova vida…
“Nossa, era só eu olhar para o Sol! Como não pensei nisso antes? Agora vou poder voar o mundo quando sair daqui!”
De fato, a lagarta tinha muitos sonhos, mas ao mesmo tempo se sentia tão confortável dentro de seu casulo com ajanela para a paisagem mais linda que já havia visto que decidiu por lá mais tempo ficar. Se perguntava “Para que vou sair do meu cantinho tão aconchegante?”
Para aquela lagarta que havia vivido na escuridão desde ser um ovinho, escuridão esta que era um lugar feio, no qual estava sempre sozinha e que ninguém a ajudava, aquele casulo era o melhor lugar do mundo. E com isso, decidiu por lá ficar, admirando sua vista e sentindo um acalento todos os dias. Até que o Sr Girassol se remexeu.
– Ei, menina! Não vai sair daí não? Já está chegando a hora! – Perguntou o Sr Girassol.
E com esse remexo, a lagarta percebeu que aquele lugar tão aconchegante estava ficando cada dia mais apertado, tão apertado que ela não conseguia mais quase ver a luz do Sol. Talvez ela não estivesse percebendo mas sua janela havia fechado porque ela estava crescendo e precisava fazer sua escolha. Permanecer-se-ia estagnada e espremida, até ficar sem ar ou permitir-se-ia cumprir sua transmutação, seu ciclo de vida, e assim, se tornar uma bela Borboleta e com toda liberdade que lhe seria dada e que sempre almejou, voar por todo o mundo?
– Nossa, como está apertado aqui! – Reclamou a futura Borboleta. – Você está crescendo! Não quer ver as cores das suas asas? Precisa sair e voar! – Respondeu o Sr Girassol. – Mas estou com medo! E se o mundo lá fora me machucar, Sr Girassol? – Você nunca vai saber se não se arriscar, Borboletinha! Simplesmente se permita sair e voe!
O encorajamento do Sr Girassol, a lagarta conseguiu concluir sua necessária transformação. Saiu do casulo e ao ver suas lindas asas azuis, percebeu que era totalmente capaz de se arriscar e voar rumo ao novo e desconhecido. Agora ela podia ver o Sol nascer novamente, e muito mais do alto, muito mais perto daquela fascinante luz.
– Olha, Sr Girassol! Minhas asas são azuis como o céu! E agora posso quase tocá-lo! – Sim, se quiser, pode voar tão alto que tocarás o céu, Borboletinha! Voe! Seja livre! Se permita!
E assim a metamorfose daquela tímida lagartinha concluiu-se, e ela se tornou a mais bela Borboleta da cidade, simplesmente porque ela se permitiu, tanto sofrer com o seu processo de transmutação, respeitando seus medos, inseguranças e erros quanto perceber que tudo que ela precisava era coragem, para enxergar quantas coisas boas ela ainda tinha para viver e que não estaria vivendo se tivesse escolhido ficar naquele casulo apertado que uma hora ou outra expulsá-la-ia.
Moral da história: Busque a luz que te guia, se deixe orientar-se por sábias pessoas, se permita viver suas frustrações e medos ao crescer, mas não desista de se arriscar. Cada ser tem seu tempo, respeite o seu e os dos outros. Tenha coragem de sair de situações que te machucam e seja gentil consigo e com a vida. Apenas seja gentil…
LIVRO: Mary Poppins AUTOR: P. L. Travers EDITORA: Zahar FORMATO: Físico NOTA: ★★★★
Mary Poppins – Edição Clássicos Zahar (Comentada e Ilustrada)
“Mary Poppins, você nunca vai nos abandonar, vai?”
Helen Lyndon Goff, nome verdadeiro da autora de uns dos clássicos mais reconhecidos dos anos de 1930 até hoje em dia. É indispensável um breve resumo sobre sua história. Com seu pai, alcoólatra e sua, depressiva, Helen criava estórias para entreter suas irmãs mais novas. Mas deu início à sua rebeldia juvenil em Sydney, Austrália, lugar que direcionou sua vida para o universo Londrino, no Reino Unido, onde passou toda sua vida. Começou a rascunhar “Mary Poppins” em 1933 durante uma crise de Pleurisia. O livro “Mary Poppins” foi publicado em 1934 com o seu pseudônimo P. L. Travers (como já se sabe, naquela época as mulheres publicavam seus livros, artigos e pensamentos através de nomes masculinos, para não perderem a popularidade – típica da sociedade machista que ainda vivemos). O livro foi um sucesso inicialmente para a literatura infantil, tanto que Walt Disney se interessou pelos direitos do livro e em 1964 adaptou o livro para as telas. Infelizmente, para a tristeza de Pamela Lyndon Travers (P. L. Travers), o filme teve alterações promovidas e adaptações sem respeitar seu acordo de, principalmente, que não seria uma animação. Foi uma decepção para a autora (e acredito que para todos que leram sua obra antes de assistir à essa adaptação – como eu), especialmente porque a mesma deixou claro que o livro não era para ser lido apenas por crianças mas adultos também eram seu público.
Sobre a obra “Mary Poppins”, esta se passava ficticiamente em Cherry Tree Lane, casa número dezessete em Londres. Personagens da família Banks (na qual a protagonista ir-se-ia trabalhar) compunha-se de Sr e Sra Banks, os filhos Jane e Michael e os gêmeos John e Barbara, além de outras personagens que davam vida à incrível estória da família Banks e Mary Poppins.
“Existia algo estranho e extraordinário nela.”
Há um momento em que Michael pergunta à Mary Poppins: “Você nunca vai nos abandonar, vai?” após se deslumbrar com toda a magia da sua nova babá. Uma babá que ao chegar de repente, sem nem mesmo dar referência, sendo persuasiva e ousada, percebemos características interessantes na personalidade de Mary Poppins, firme porém encantadora. Será que toda babá devia ser assim? Será que a autora gostaria de ter tido uma babá assim? Ao meu olhar, sim! A personalidade de Mary Poppins era firme, assertiva, ela sabia como comandar ou reverter situações. Mas não como mandona e chata, sutilmente persuasiva. Algo como ser autêntica.
A magia do livro é esplêndida! As personagens que faziam parte da trajetória são envolventes. Começando pelo Rapaz dos Fósforos, que ficava na rua e também pintava quadros. Há uma frase nesse segundo capítulo em que diz “Cada um de nós têm sua própria Terra das Fadas”, sem spoiler, é interessante percebermos o fato de cada ser ter seu próprio centro de imaginação, uma das questões presentes no livro, nos fazer imaginar, nos entreter, como a autora fazia com suas irmãs.
No capítulo seguinte, “Gás do Riso”, o Sr Peruca, personagem em que Mary Poppins leva para as crianças conhecerem, nos faz ver que a felicidade, a alegria, a magia sempre está dentro de nós mesmos ao flutuar por pensar em algo engraçado e fazer as crianças pensarem em algo engraçado também, fazendo-as flutuarem como ele. É um capítulo no qual, com as ilustrações, se torna bastante interessante e consegue nos tirar uns risos imaginando todos não conseguindo parar de rir. Quem nunca teve crise de riso? E de onde ela vem? De dentro!
Uma pequena observação antes de prosseguir. Toda vez Mary Poppins não deixava que as crianças acreditassem que aqueles acontecimentos realmente ocorreram, sempre negando ou de maneira um pouco ríspida muitas vezes, negando e falando que era imaginação das crianças. Fico pensando… Gostaria de um dia poder levar meus filhos a um mundo mágico e encantador como Mary Poppins fazia, e depois desmentir talvez para eles também não crescerem somente na fantasia. Talvez?
Bom, o quarto capítulo é sobre o cachorrinho fofo Andrews, da Srta Lark que o tratava como uma criança mimada, sem nem mesmo deixá-lo brincar com os cachorros da rua. O desfecho é interessante e mostra humildade e amizade quando Andrews exige à sua dona que seu amiguinho cachorrinho de rua more com eles e seja tratado tão bem quanto ele. Andrews resgata um “aumiguinho” vira-lata da rua e mostra a todos que não é mimado nada e gosta de ajudar seus amigos. Fofo!
Alguns capítulos são melhores que outros como o capítulo seis, em que na minha perspectiva, mostra uma crítica à realidade da época sobre os empregados. E ainda, para explorar a imaginação com a Bússola que dá a volta ao mundo e por meio de representatividade, mostra as peculiaridades dos quatro cantos do mundo, seu clima, o habitat animal e com as ilustrações dessa edição, fica muito mais fácil embarcar nessa viagem! Definitivamente, a partir desse capítulo eu consegui moldar as personagens na minha mente. Michael se mostrou um menino mimado que acordou em um dia ruim e descontou nos seus empregados, enquanto Jane (Ah, a querida Jane – minha personagem preferida!), era prudente e delicada, sempre sabendo pedir desculpas e ser gentil. Também no capítulo sete, a autora traz os leitores para a realidade infeliz da época com a história da “Mulher dos Pássaros” e seus saquinhos de dois centavos que vendia para que alimentassem os pombos e ela pudesse se alimentar. Diferença de classes… Quando isso vai acabar? Estamos em 2020 e estou escrevendo sobre um livro dos anos 30, quase 100 anos atrás!
O capítulo oito se trata da estória da Sra Corry e repleto de magia com seus bolos de gengibre que são ensacados em papel de estrelas, estrelas essas que ao cair da noite, pelas mãos da mesma e de Mary Poppins, enfeitavam e brilhavam o céu (sim, elas colocavam as estrelas no céu!). Não é divertido pensar que talvez pudéssemos tocar as estrelas do céu? Eu me imagino! Por que não?
O capítulo seguinte é sobre os gêmeos e me remeteu a um filme da minha infância no qual bebês conversavam. Mas o que percebi realmente foi que ao compreender a “linguagem dos bebês” e saber que após um tempo eles não iriam mais conversar entre si, a autora através de Mary Poppins quis mostrar a importância da infância e principalmente, do gostar de ser criança, mesmo deixando transparecer a realidade, a de que uma hora precisamos crescer, mesmo que pareça que crescer seja uma forma de perdermos a magia das coisas. Acredito que P. L. Travers, diferentemente do clássico como Peter Pan, enfatiza a importância do deixar a criança crescer, ela tem que crescer, e ela tem que gostar de crescer. Eu adorava ser criança, mas também gostei de crescer. Ser criança para sempre… Que graça teria termos somente uma fase em nossa vida, certo?
O capítulo 10, Lua Cheia é sobre o aniversário de Mary Poppins e sua afinidade com a fantasia e os animais. Um pequeno spoiler… É no zoológico e ao mostrar o Leão, simplesmente sua característica é de gentil e não a “fera” ou até mesmo o caçador, Rei da Floresta. Quem na verdade, pode se chamar de Rainha, é a Cobra Real, pela sua sabedoria e astúcia. Percebi uma crítica às questões de animais enjaulados. Há uma parte em que a Jane se espanta pois os animais estavam soltos e tinham humanos enjaulados. O que faz nos refletir realmente, “E se fosse ao contrário? Gostaríamos?”. As páginas desse capítulo mostram que os animais não são inimigos, e fico me perguntando, por que nós, humanos, muitas vezes somos, então?
O capítulo 11 foi um dos que eu mais gostei. Travers foi muito inteligente ao combinar mitologia grega com toda fantasia da sua principal personagem. A história traz Maia, que veio comprar presentes para suas irmãs. Prefiro não descrever tanto esse capítulo, ele é interessante de ser lido pois expressa a beleza de ver o verdadeiro sentido do Natal no qual representa o “doar” e não o “receber”, atitude da visita mitológica. Além disso, ficou claro para mim nesse capítulo a importância da personagem Jane, em que a própria Maia elogiou dizendo como a menina era sábia. E foi o que concluí durante toda leitura e com certeza é minha personagem preferida.
Mas um belo dia o Vento Oeste chegou encerrando o livro e levando Mary Poppins embora. Depois de deixar ensinamentos e um grande poder de imaginação nas crianças, a babá de pura magia partiu, fazendo-as entender a necessidade de crescer, e que crescer não é algo ruim, faz parte da vida. O importante é deixar a criança que existe dentro de cada um de nós permanecer, assim como existia naquela babá mágica e intrigante.
É de suma importância enfatizar que diferentemente de estórias como de Peter Pan (O menino que não queria crescer), Travers no desmembrar da sua escrita, auxilia as crianças a crescerem, estas, de todas as idades. Além do mais, sua personagem ajudou a reinventar uma profissão, na qual a babá não se deixava passar por nenhum abuso patronal com seu altruísmo e coragem, características que com certeza ela passou para Jane e as outras crianças. Realmente o livro não é somente escrito para crianças, é fundamental se compreender às críticas da sociedade da época e do fato de deixarmos nos envolver pela fantasia, seja qual for nossa idade.
Sobre o filme do Walt Disney de 1964. Eu vi após ler o livro e assim como para a autora, foi uma decepção para mim. Quem leu o livro percebeu que não foi nem um pouco fiel à obra, o que faz entender a indignação de P. L. Travers que não queria que suas obras fossem conhecidas apenas como infanto-juvenil. O filme além de ser infantil e sem graça (sim, quase desisti de assistir), não proporciona o que o livro faz, nos refletir além de nos entreter com boas risadas.
Concluindo, a nota referente ao livro foi 4/5 pois confesso que alguns capítulos provocam um certo cansaço, são um pouco chatos, enquanto outros são muito empolgantes e sinceramente, compensam. Pode oscilar um pouco no interesse ao ler o livro porém para leitores que estão determinados a ler clássicos, por experiência própria, foi muito bom começar com Mary Poppins.
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Atualmente reconhecida como A Voz do Feminismo, Chimamanda Ngozi Adichie é uma escritora preta nascida em 1977 em Enugu, no Estado de Anambra, Nigéria. Se mudou para os Estados Unidos aos 19 anos para estudar Comunicação e Ciências Políticas na Universidade de Drexel, Filadélfia e a partir de então trilha um lindo caminho sobre Estudos Africanos, entre titulação de Mestre e Prêmios. A escritora tem muitos projetos no seu país Natal, como oficinas de escrita e foi a primeira Mulher a ser Chefe da Administração da Universidade da Nigéria.
Conheci a trajetória dessa incrível escritora, referência na política ideológica feminismo mas também nos estudos africanos na minha faculdade de Relações Internacionais, no ano de 2014. Não sei se você, caro leitor, sabe, mas sim, o Feminismo faz parte de uma das Teorias das Relações Internacionais e foi o primeiro tema do meu TCC. Impressionante quando tive aulas sobre, o quanto me identifiquei com a ideologia. Para quem conhece a canção #Flawless da Beyoncé, o trecho abaixo explica O QUE É O FEMINISMO:
“We teach girls to shrink themselves, to make themselves smaller We say to girls: You can have ambition, but not too much You should aim to be successful, but not too successful Otherwise, you will threaten the man Because I am female, I am expected to aspire to marriage I am expected to make my life choices Always keeping in mind that marriage is the most important Now, marriage can be a source of joy and love and mutual support But why do we teach girls to aspire to marriage And we don’t teach boys the same? We raise girls to see each other as competitors Not for jobs or for accomplishments, which I think can be a good thing But for the attention of men We teach girls that they cannot be sexual beings in the way that boys are Feminist: a person who believes in the social, political And economic equality of the sexes”
Basicamente a escritora em breves e diretas palavras explica como nossa sociedade machista, perpetuada não só por homens mas também por mulheres que cresceram com tal “educação”, precisa mudar. Vamos refletir sobre alguns pontos.
Trabalho: “Você pode ter ambição mas não muita, nem sucesso, ao contrário, irá ameaçar o homem!” Crítica sobre como nós mulheres nos inferiorizamos e muitas vezes permitimos nos deixar ficar para trás (dos homens) pois “lugar de mulher é em casa”, já ouviram essa, certo? Chega! Nossas avós conseguiram o direito ao voto, agora vamos lutar para conseguir melhores condições e respeito igualitário no ambiente de trabalho!
Casamento: “Porque eu sou mulher, esperam que eu aspire me casar!” Mulher, você não precisa se casar se não quiser. Você não precisa ter filhos se não quiser. Você não precisa “ser do lar” se não quiser. Você pode ser o que quiser e especialmente, mostrar e apoiar sua companheiras ao mesmo, sem julgamentos e desprezos. Mais união!
Educação: “Ensinamos as meninas que não podem ser sexuais como os homens são!” Amiga, senta aqui, vamos conversar… Você está afim de transar com aquele cara na noite que o conheceu? Sim, estou falando de sexo! Faça, com todos os cuidados e precauções. Não se minimize ou reprima suas vontades, apenas se permita pensar além e sem aquele complexo de princesa, “Ah, transamos, agora vamos casar!” (Não que se sentir uma princesa seja ruim, eu me sinto uma e estou escrevendo isso!) Tenha em mente que seu corpo, suas regras!
Igualdade: “Igualdade dos sexos.” O feminismo, ao contrário do que muitos pensam, não é um movimento que pensa que mulheres são superiores, muito pelo contrário, é onde se luta, se estuda, se compõe a igualdade social, política e econômica dos sexos.
Qual é a minha intenção com todas essas palavras que não são poemas? Reflexão! Vamos a mais uma imagem para entendermos todo o esquema de confusão que acontece no mundo atual:
Gostaria de concluir esse Manifesto, explicando que machismo e femismo são as mesmas coisas, e são esses comportamentos que precisamos abolir da sociedade. Senti que precisava escrever sobre essa questão por aqui, pois é intrigante como vejo tantas mulheres ainda se agredirem por um comportamento de competição (por homens), de desprezo (por outras mulheres), sem compaixão pelo mesmo sexo… Pasmem! Eu mesma muitas vezes me pego com essas atitudes e percebo como estamos condicionadas a nos maltratar! Isso tem que mudar!
Acolhimento, é o que precisamos dar uma para as outras. União, é o que precisamos fazer a partir de agora. Respeito, é como nós, mulheres, vamos mudar nosso próprio comportamento.
E é assim que acredito que teremos um mundo melhor. E você? No que acredita?
Era uma vez… Em um Reino repleto de natureza Uma menina de tamanha delicadeza Mas que também sentia muita tristeza.
Seu Reino estava obscuro Por doenças, fome e sem um porto seguro O Rei não era mais um ser duro E assim, o local se tornou impuro.
Mas um belo dia, a mágica aconteceu Sua Fada Madrinha apareceu Com sua varinha a surpreendeu De tanta luz que a acolheu.
– “Quem eu sou?” – A Fada Madrinha Perguntou – “És minha Fada Madrinha!” – Respondeu a menina – “Disso eu sei, ora bolas. Quero que você se faça essa pergunta!” – Retrucou
– “Quem eu sou?” – Se perguntou a menina que gaguejou… “Eu sou uma Princesa!” – “E como sabe que és uma Princesa? O que as Princesas fazem?” – “Fazem as pessoas felizes cuidando do seu Reino!!!” – “E quem faz parte do seu Reino, menina?” – “Minha família, meus bichinhos, meus amigos e todo o mundo!” – “E já que você é uma princesa, como sabe que faz as pessoas felizes?” – “Bom, acho que sou carinhosa, inteligente, gentil, leal e ouso a dizer, empática!” – “E você consegue ser assim o tempo todo?” – A Fada Madrinha questionou
Por essa a Princesa não esperava… Quais seriam seus defeitos? Questão que ela não considerava… Mas com muita sinceridade, respondeu seus despeitos.
– “É… Bom… Às vezes sou um pouco ríspida, teimosa, impaciente, e orgulhosa. Mas também inflexível, frágil, ansiosa e…” – “Tá bom, tá bom, pare de falar. Como assim frágil? A Princesa não confia em si?” – “Fada Madrinha, o que a Senhora quer dizer com essa prosa?” – “Quero dizer, minha querida menina, que uma Princesa sempre confia em si!”
A menina do Reino repleto de natureza Sentiu tanta indelicadeza Por sua madrinha tratá-la com tanta firmeza Sem saber que segundos depois iria refletir com clareza.
– “Pois já errei muito, me arrependi e não consegui perdoar! – Respondeu a menina com uma leve falta de ar – “E me diga, Princesa, quem já não errou nessa vida e deixou-se magoar?” – “É verdade, Fada Madrinha, ninguém é perfeito e eu não preciso me amaldiçoar!” – Refletiu a menina que aliviada conseguiu respirar
Das pessoas do seu Reino, ela sempre escutava Que doce era sua voz que acalentava Bondoso, amigável e sensível era seu coração que despertava Uma nova Princesa e Mulher que sobre si exaltava.
Assim, a sua Fada Madrinha mostrava À Princesa, sua virtude que mais importava E agora em si ela acreditava Na ajuda que lhe faltava.
Finalmente a Princesa enxergava Que um ser humano bom ela apresentava A si e seu Reino que a exaltava E das imperfeições que a vida desatava.
Dedico esta Prosa Poética à uma das minhas Fadas Madrinhas, F., obrigada!